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Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 14 de março de 2018, se tornou um símbolo de luta contra a violência, o racismo, a desigualdade e a opressão no Brasil. Sua morte brutal foi um ataque não apenas a uma mulher negra, ativista e defensora dos direitos humanos, mas a tudo o que ela representava: a resistência de milhares de mulheres que, como ela, enfrentam diariamente as barreiras impostas por uma sociedade marcada pela desigualdade.

Após sua morte, a memória de Marielle Franco tem sido alvo de ataques fascistas por aqueles que se opõem às causas que ela defendia. Ofensas, mentiras e tentativas de desqualificação são disseminadas com o intuito de manchar seu legado e deslegitimar as lutas de que ela fazia parte. Em essência, esses ataques representam uma tentativa de silenciar as vozes de todas as mulheres que lutam por igualdade e justiça no Brasil.

É o que tenta fazer o vereador de Santos, Fábio Duarte (PL, 1º Mandato), ao propor um projeto de lei que cria o Dia Cidadão Patriota no Calendário Oficial de Eventos e Datas Comemorativas do Município exatamente no aniversário de morte de Marielle, dia 14 de março. O PL 265/2022 do vereador bolsonarista foi pautado em 1ª discussão para esta terça-feira (20) e dezenas de pessoas estiveram na galeria para se manifestar contra o projeto.

Aos 40 minutos de sessão, a maioria dos vereadores resolveu sair do plenário, num claro desrespeito aos presentes e à população, que paga os salários dos legisladores. Com isso, o PL 265/22 e os demais projetos pautados serão analisados na próxima quinta (22). Se for aprovado, o projeto da será submetido à uma segunda votação, provavelmente na próxima terça (27).

A saída dos vereadores da base do Governo se deu por conta da indignação ao prefeito Rogério Santos, que participou de uma grande festança de lançamento da candidatura da atual vice-prefeita, Renata Bravo, à vereança. O lançamento ocorreu na Portuguesa Santista e fez com que os vereadores fizessem discursos irados.

Vaidades da pequena política à parte, o fato é que o projeto que ataca as mulheres lutadoras por meio da criação do Dia do Cidadão Patriota no dia do aniversário de morte de Marielle Franco ainda está vivo. Combater e denunciar esse tipo de ataque é fundamental não apenas para preservar a memória de Marielle, mas principalmente, por extensão, defender a dignidade de todas as mulheres que, assim como ela, enfrentam o preconceito, o fascismo e todas as formas de violência.

Sua trajetória de mulher negra, oriunda da periferia, que conseguiu ocupar um espaço de poder e influenciar o debate público, incomoda aqueles que preferem manter as estruturas de opressão intactas. A luta para que sua memória seja respeitada é também uma luta contra o machismo e o racismo estrutural que ainda permeiam a sociedade brasileira.

Um ato de resistência por parte de forças da esquerda está sendo chamado para a próxima sessão, quinta (22), às 16h.