UPAS

Que as UPAs de Santos são sempre um desafio à paciência dos que necessitam de atendimento pelo SUS, todo mundo já sabe. Desde que foi terceirizado o serviço de urgência e emergência dos Prontos-Socorros da Cidade, as reclamações de demora e piora na qualidade do atendimento viraram rotina.

Com as organizações sociais (OSs) que atuam à frente das gestões das unidades beneficiadas por contratos milionários nada acontece. Com o poder público, que deveria acompanhar e exigir o mínimo de decência na assistência em saúde, muito menos. E com os vereadores (cuja maioria é conhecida por legislar de forma frouxa, obedecendo o Executivo e adulando empresários) o que será que tem acontecido diante do caos nas UPAs?

Alguns fingem que estão preocupados e, para fazer crer aos eleitores que o parlamento trabalha, mandam requerimentos com perguntas sobre o assunto à Prefeitura. Sabemos que os requerimentos estão longe de surtir efeito prático seja qual for o tema abordado. No caso da saúde não é diferente. Mas o que tem chamado a atenção é que de tempos para cá algumas indicações e requerimentos trazem sugestões que mais parecem piadas.

É o caso do requerimento do vereador João Neri (União Brasil, 1º Mandato). Ele pergunta ao prefeito Rogério Santos se “existe algum folder ou panfleto que oriente o público sobre a não aglomeração nas Upas instaladas em nossa cidade?”.

Ou seja, ele dá a entender que a culpa pelas unidades de Urgência e Emergência estarem lotadas é dos usuários que buscam os serviços e que para o problema acabar basta orientar as pessoas a não buscarem atendimento todas ao mesmo tempo. Como se doença fosse adiável ou algo que pudesse ser reagendado para um momento mais oportuno.

Não há em nenhum ponto do requerimento a pergunta: “quando as OSs vão fazer o que se espera delas, colocando equipes completas e em número de profissionais suficiente para atender as pessoas com dignidade?

Outro requerimento surreal é o do vereador Fabrício Cardoso (Podemos, 2º Mandato). Ele cita a possibilidade de instalação de um mecanismo que “possibilite que os pacientes possam acompanhar o atendimento e o tempo estimado de espera nas UPAs, e assim verificar, antes mesmo de saírem de casa, o tempo de espera em cada uma delas”.

Mais dinheiro para passar pano para as OSs ao invés de cobrar que elas cumpram com o seu papel, que é garantir atendimento a todos em um tempo razoável de espera. Para isso, é preciso exigir número de médicos e de demais funcionários adequado. Chega a ser ingênua a propositura. Será solenemente ignorada pela secretaria de saúde, por simplesmente produzir provas contra a incompetência dela mesma.

Enquanto isso, o modelo de gestão que só tormento e falta de transparência trouxe para Saúde de Santos segue engordando as contas bancárias de empresários que controlam organizações sociais, empresas quarteirizadas e afins.

VEREADORES DE SANTOS, PARA QUEM ELES TRABALHAM?