educacao_umejabaquara

Santos tem coisas ‘sui generis’ na administração pública. Na área da Educação não é diferente.

Na mesma semana em que nos deparamos com o forro de uma creche recém-inaugurada despencando pela segunda vez no ano, assistimos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) protestarem contra o fechamento do curso em outra unidade escolar.

E, ao mesmo tempo, temos a confirmação de que uma nova escola, a ser entregue no próximo dia 23, ganhará o nome do pai do prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), o ex interventor de Santos Paulo Gomes Barbosa.

Já mostramos neste mesmo espaço que a ideia de batizar a nova escola localizada no bairro do Jabaquara partiu do vereador Adilson Júnior (PTB), hoje líder do Governo na Câmara. (veja aqui)

Em que pese a tentativa de agradar o chefe do Executivo, o projeto acabou sendo vetado, pois o Legislativo não pode dar nome a próprios inaugurados pela administração municipal. Essa possibilidade só pode ocorrer em equipamentos vinculados ao parlamento.

No entanto, a ideia do nome permaneceu. O nome oficial do equipamento será UME Prefeito Paulo Gomes Barbosa. É bom esclarecer alguns fatos. Diferente do que ocorreu com Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), o Barbosa pai pode ser chamado de prefeito, pois não foi eleito. Ele foi nomeado interventor em Santos, na época em que os militares comandavam o país.

Naquele tempo, todas as cidades que tinham importância econômica e localização importante eram designadas como “área de segurança nacional”. Santos estava na lista por razões óbvias, já que abriga o maior porto da América Latina.

Para estas cidades, os governadores não permitiam eleições. Impunham interventores. Paulo Gomes Barbosa foi um deles, nomeado em 1979, por Paulo Maluf, então governador.

Na justificativa do projeto que sugeria o nome à nova escola há uma detalhada descrição sobre como será a ótima estrutura prevista para atender os alunos. O texto não faz menção do motivo da escolha do ex interventor, mas cita que o prédio escolar será totalmente climatizado e com acesso por reconhecimento facial.

Uma maravilha! Falta dizer por que unidades novas, como a UME Francisco Leite (Creche Padre Chiquinho, no Marapé), voltaram ser interditadas por infiltrações no teto.

Isso para não falar das unidades municipais de ensino mais antigas, onde os problemas estruturais fazem aniversário todos os anos.

Merenda problemática

Ainda sobre precarização na Educação, também foi destaque na imprensa neste início de semana um vistoria surpresa do Tribunal de Contas do Estado nas cozinhas e merendas escolares da Baixada Santista. Em Santos, a UME fiscalizada foi a UME Maria Patrícia.

Conforme publicou o site G1, a unidade não conta com alvará ou licença de funcionamento emitido pela Vigilância Sanitária, não havia nutricionista durante o preparo das refeições e não foi apresentado Relatório de Inspeção de Boas Práticas.

Os fiscais ainda detectaram problema estrutural de infiltração na parede do refeitório afetando a rede elétrica e colocando em risco a integridade física das crianças.

Diferentemente do cardápio fixado na cozinha, há somente descrição genérica de “proteína, legumes e verduras”, sem mencionar com detalhes qual o alimento previsto para cada dia. A nutricionista responsável não elaborou as Fichas Técnicas de Preparo e a UME não faz a separação de amostras para o controle da merenda fornecida.

Segundo o TCE-SP, o Conselho de Alimentação Escolar (CAE) não fiscaliza as condições da merenda na escola, que também não possui Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros. Além disso, a última desinsetização e a última desratização não foram feitas na periodicidade correta.

Outras irregularidades constatadas: prateleiras de armazenamento dos alimentos não são impermeáveis e laváveis; instalações da área de armazenamento com trincas e infiltrações e frutas armazenadas no suporte da janela (superfície inadequada).

Mas para os vereadores da base governista está tudo a contento. Eles estarão na inauguração da nova escola, posando nas fotos oficiais, jurando que Santos é merece o selo de “Cidade Educadora” e o título de “Cidade Amiga da Criança”.