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Nos últimos meses casos envolvendo mortes suspeitas de negligência ou erro na rede de pronto atendimento de Santos vieram à tona. A maior parte diz respeito à UPA Central, terceirizada há três anos pela organização social Fundação do ABC.

Em que pese ter sido inaugurada há um mês, também a nova UPA da Zona Noroeste, cuja gestão foi entregue à SPDM, já registrou um caso de óbito suspeito.

No Hospital dos Estivadores mortes e denúncias também foram noticiadas. Lá a OS é o Instituto Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

O rastro de problemas e de mortes é traz muita indignação, principalmente porque as autoridades foram alertadas dos efeitos nefastos que a terceirização da saúde para empresas que visam apenas lucro acarretam. Os exemplos são fartos em todo o país e as advertências sobre os riscos desse modelo de gestão foram feitas antes mesmo que o Programa Municipal de Publicização virasse lei.

Além do Executivo, o Poder Legislativo também recebeu apelos de especialistas e dos servidores públicos para rejeitar a legislação que abriu a porta para as OSs no serviço público.

Em 2013, antes da legislação ser aprovada, houve manifestações na Cidade, principalmente na Câmara, contra o projeto de Paulo Alexandre Brabosa (PSDB). A maior parte dos vereadores, no entanto, ignorou os alertas e fez o costumeiro papel subserviente às ordens do prefeito.

Uma vez implantada a terceirização da gestão na UPA Central, logo os impactos começaram a surgir. A Prefeitura manteve os gordos repasses em dia, mesmo nas épocas de maior crise nas finanças municipais, enquanto as policlínicas e as demais unidades pereciam em condições cada vem mais precárias. Hoje toda a saúde está sucateada e já são três as unidades geridas por empresas. Duas delas assumiram mesmo tendo ficha suja. Uma terceira não tinha a experiência exigida pela própria legislação municipal.

E os vereadores, o que fazem? Fingem que nada têm a ver com o caos e com as mortes. Muitos conseguiram inclusive se reeleger e, do alto de seus mandatos, resistem em admitir que o modelo de gestão não deu certo.

São eles Ademir Pestana (PSDB, 4º Mandato), Banha (MDB, 5º Mandato), Carabina (PSDB, 3º Mandato), Constantino (PSDB, 9º Mandato), Roberto Teixeira (PSDB, 3º Mandato) e Sadao Nakai (PSDB, 3º Mandato).

Alguns dos citados acima mandam, vez ou outra, requerimentos pedindo explicações sobre problemas pontuais das UPAs ao Executivo. É o tipo de providência que não surte qualquer efeito. Outros, quando são muito marcados nas redes sociais em queixas dos usuários, até comparecem na unidade para gravar um vídeo e encenar uma suposta fiscalização.

As semanas passam e de concreto nada acontece. Os perrengues diários continuam. As mortes também. Abaixo relembramos apenas alguns casos:

 

Carmen Lucia Ferreira, 49 anos

Carmen Lucia Ferreira

A balconista faleceu em 12/02/2019, vítima de AVC. As irmãs relatam descaso no atendimento da UPA Central, demora para encaminhá-la a uma tomografia para avaliar a gravidade do caso e demora para remoção para um leito de UTI. Quando finalmente foi levada ao HPP, ela já estaria em estado gravíssimo, com quadro irreversível.

 

Maria Rita Taide da Silva, de 68 anos

Maria Rita Taide da Silva

A idosa morreu após esperar por atendimento na UPA da Zona Noroeste. Ela chegou na unidade no dia 02/03/2019, com pressão alta, fortes dores no peito e no estômago e demorou a ser atendida, fazendo com que seu quadro evoluísse para uma parada cardiorrespiratória.

 

Lucca Fernandes Morroni, 13 anos

Lucca Fernandes Morroni

O garoto faleceu em 11/09/2018, 22 horas após dar entrada, de ambulância, na UPA Central. Lucca estava com febre, muitas dores no corpo e na garganta. Era um caso de urgência, mas segundo os familiares não foi tratado como tal. Mesmo com muitas dores, Lucca teve que aguardar os resultados de exames, que demoraram, em situação precária.

 

João Vitor de Alcântara, 14 anos

Joao Vitor de Alcantara

O adolescente esteve com a família duas vezes na UPA Central, no último Carnaval. Estava com meningite, mas nos dois atendimentos foi diagnosticado como tendo sinusite. O tio denuncia falhas no atendimento. Somente num hospital da Capital o garoto, que segue em recuperação, foi diagnosticado e tratado adequadamente.

 

Marilu Aparecida de Moraes, de 45 anos, e filho

Marilu Aparecida de Moraes

Segundo esposo da gestante, as mortes de Marilu e do filho recém-nascido, ocorrido no Hospital dos Estivadores, em 09/10/2018, foi resultado de negligência médica. Ele acusa a obstetra de tê-la ‘assistido’ morrer, em meio a uma hemorragia, durante o parto. A Polícia Civil investiga o caso.

Veja abaixo os ex-vereadores que disseram SIM às OSs:

Carlos Teixeira Filho, Douglas Gonçalves, Fernanda Vanucci, Hugo  Duppre, José Lascane, Marcelo Del Bosco, Marcus De Rosis, Murilo Barletta, Kenny Mendes e Sandoval Soares.