REVOLTA-DA-NATUREZA

Para o vereador Manoel Constantino ( PSDB, 9º Mandato), a última enchente que gerou prejuízos a milhares de pessoas da Zona Noroeste, no domingo retrasado (3), foi uma “revolta da Natureza”.

Na sessão desta segunda (11), ao comentar um requerimento de outro vereador, que pede informações sobre medidas contra os alagamentos na região mais carente da Cidade, o Constantino disse que a sua própria casa foi afetada, algo que nunca tinha acontecido.

Argumentação, com elementos contraditórios, ficou um tanto confusa. O vereador mais antigo da Casa (e que todo ano se elege com muitos votos da ZN) chegou a citar que antigos mecanismos de contenção das das águas foram eliminados, sem que medidas e obras alternativas fossem implementadas.

“Por volta das 2 horas eu fui surpreendido. Um dos quartos da minha casa estava totalmente invadido pela água. Invadido por onde? Pelo telhado. A chuva era tanta que as calhas não suportaram a quantidade de água”, iniciou o vereador.

A intervenção seguiu, com uma linha de raciocínio que se contradiz com as primeiras palavras. “Eu quero que as pessoas entendam – meus pares, as pessoas da Zona Noroeste – que lá é uma região com bairros que foram secados através de uma barreira feita no Dique da Vila Gilda. Ali colocaram cinco comportas que tinham manutenção permanente. O que ocorreu é que o canal que ficava paralelo à Jovino de Melo foi aterrado e eliminaram as cinco comportas”.

O vereador prosseguiu: “O aterramento do canal que era o maior piscinão foi aterrado e nós ficamos sem a saída das águas pluviais e da maré alta”.

Mais falhas foram elencadas. Nenhuma relacionada à tal “força da natureza” : “O canal da Brigadeiro Faria Lima, do Centro da Juventude pra lá não tem mais a circulação da água. Nunca foi água no meu quintal e na minha rua. (…) Agora a água entrou porque o próprio canal da Faria Lima, do Centro da Juventude até a Hugo Maia…que lá tinha uma comporta, retiraram e não tem mais circulação de água”.

Será que tudo isso é culpa da natureza mesmo? Para o parlamentar, sim!

“Queremos dizer às pessoas que se preparem para novos prejuízos porque não vai ter jeito e não é por falta, especificamente, de manutenção. É a revolta da natureza. A natureza não tem quem segure! Eu já ouvi direcionamento de fala que ninguém está procurando desenvolver cuidados de manutenção. Não é verdade. (…). Não tem nenhuma pessoa que eu conheça que possa conter a natureza”.

Qual é o próximo passo? Apresentar um projeto aplicando multa à Natureza toda vez que ela resolver se insurgir?

O discurso blinda o poder público e omite os muitos erros no projeto Santos Novos Tempos, que inclusive perdeu financiamento do Banco Mundial por incompetência administrativa, o que atrasou e encareceu o custo das intervenções de macrodrenagem. (veja aqui) Mas é melhor culpar São Pedro, né?

Datas comemorativas

Na mesma sessão foram aprovados seis projetos. Nenhum deles envolveu a tentativa de combate a problemas estruturais em Santos, como as enchentes na Zona Noroeste, o sucateamento da saúde, os problemas na educação, as obras paradas, só para citar alguns.  Destas seis proposituras, quatro têm a ver com a criação de datas no Calendário Oficial de Comemorações da Cidade. Os outros dois projetos também não têm perspectiva de muda concretamente a vida de quem precisa. Um deles têm por objetivo conceder título de utilidade pública a uma associação. O último confere medalha Braz Cubas para a procuradora geral do Município, Renata Arraes.