falsidade300Baixa qualidade de projetos apresentados. A criação de datas como o dia da incontinência urinária, da diverticulite, além de outras. Um poder caro pelo pouco que proporciona à população. Legislaturas comprometidas com o poder econômico. Gastos discutíveis como um contrato de segurança de quase R$ 500 mil ao ano, em desprezo da Guarda Municipal. Uma Câmara que se omite da função de fiscalizar as contas públicas. Bem ao contrário, avaliza e referenda as ações de um Executivo sem nenhuma transparência e com excesso de irregularidades. Um poder político no qual o mais votado responde à acusação pelo crime de falsidade ideológica. Estes são alguns dos quesitos que fazem o Legislativo santista parecer a casa da piada pronta.

Seria realmente cômico se esta farra legislativa não fosse custeada com os impostos pagos pelos contribuintes santistas. Mas, o distanciamento da população que vota, e não cobra seus parlamentares, deixa nas mãos dos ungidos pelas urnas o papel de ocupar a cena. Desde que pratiquem o mesmo jogo. Mas, às vezes, dá errado e isto mostra que o eleitor precisa estar atento e crítico para delegar apoio. Já que pesam sobre os vereadores as mais diversas acusações e processos judiciais. O último e mais surpreendente recai sobre Kenny Mendes (PSDB, primeiro mandato), reeleito com mais de 24 mil votos. A votação expressiva, no entanto, o colocando em evidência, também lhe trouxe cobrança interna e externa (Ministério Público Federal).

Além de ter sido isolado pelos demais colegas de plenário, tratado até com ironia, o parlamentar é o alvo de uma ação do MPF pelos crimes de falsidade ideológica e uso de documento falso. Protocolada no encerramento do ano legislativo, o processo foi um amargo presente de Natal para o vereador. A situação ajuda a compreender sua irritação quando alguém questiona a sua cidadania. Kenny Mendes nasceu em Thompson, no Canadá, em 1971. Aos seis anos veio para o Brasil e seus pais portugueses fizeram novo registro de nascimento em um cartório de Cubatão.

Conforme o procurador da República, Adriano Svamer Cordeiro, Kenny usa documentos brasileiros e canadenses conforme a conveniência. Ele tem uma certidão de nascimento e passaporte canadenses e um currículo no qual diz ser natural do Canadá, com formação em engenharia na Ottawa Academic Military University. Não sendo brasileiro, Kenny sequer poderia ter título de eleitor emitido no País, bem como usufruir de direitos políticos em solo nacional. Se condenado, poderá receber uma pena de até dez anos de prisão. Ainda segundo procurador, não é verdade quando o vereador afirma ter dupla nacionalidade, ensejando a acusação de falsidade ideológica.

Por traz de um perfil que tenta se passar por moderno, na verdade há uma velha prática, ao ludibriar as pessoas e o eleitor, em especial. O mesmo viés se reproduz na apresentação de projetos. Muitos são apenas copiados do exterior, sem o menor esforço criativo do parlamentar. Por tudo o que se apresenta, nota-se que o eleitor santista não vem sendo feliz na escolha de seus representantes. A grande maioria pratica um discurso com apelo popular, mas de fato, não age verdadeiramente em defesa da população.