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Em entrevista para a imprensa local, no último dia 26, o novo presidente da Câmara de Santos, Rui de Rosis (MDB, 1º Mandato), disse que quer trazer a população para o lado da Câmara.

Como o parlamentar pretende fazer isso? Motivando os vereadores a trabalharem com mais afinco pela cidade? Talvez estimulando os pares a apresentarem projetos mais relevantes? Ou, quem sabe, conclamando os eleitos a cumprirem com seu papel básico de fiscalizar de perto e cobrar do Executivo a correta execução das políticas públicas?

Nada disso! O presidente da Casa não usou nenhum exemplo parecido de ações desse tipo para citar como será o novo biênio sob sua condução.

O mais intrigante é que, além de não deixar claro um plano para a Câmara alcançar um melhor desempenho, De Rosis devolve a responsabilidade pela imagem arranhada do Legislativo aos munícipes.

Segundo ele, os santistas avaliam mal o trabalho dos vereadores por não tomarem conhecimento de suas ações. “A Câmara precisa ter uma maior visibilidade”, afirmou à reportagem, publicada no último dia 26, no Jornal da Orla.

O que fará então o novo presidente do Castelinho? Isso ele não disse na reportagem, mas nós sabemos: vai levar a cabo a decisão de torrar até R$ 1 milhão, só este ano, com uma agência especializada em publicidade.

A empresa vencedora da licitação foi anunciada no último dia 14. Corridos os prazos para interposição de recursos, a agência atuará por 12 meses, com possibilidade de prorrogação do contrato.

Se é verdade que propaganda é a alma do negócio, também não é segredo que para muitos políticos profissionais é isso o que a política significa: um empreendimento rentável, que precisa ser bem divulgado, propagandeado. O problema é que neste negócio o dinheiro (não só para a publicidade) sai sempre do bolso do contribuinte.

Ainda na entrevista ao Jornal da Orla, De Rosis rasgou alguns elogios ao prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), outro adepto dos gastos com publicidade às custas dos cofres públicos. “No meu entender, o prefeito tem feito uma boa gestão”, disse, arrematando que Barbosa foi “inteligentíssimo” ao apresentar projetos como o da Revitalização da Ponta da Praia.

À parte os afagos e adulações entre representantes dos poderes municipais, vamos aos fatos. Ou melhor, vamos a mais algumas perguntas:

Se trabalhassem com qualidade, os vereadores precisariam de uma agência especializada para tentar levantar a bola do Legislativo?

Esse dinheiro, que deverá representar o maior contrato da Casa, não deveria ser melhor empregado, em algo que revertesse diretamente para a própria população?

Já não é suficiente que cada um dos 21 vereadores tenha seu próprio assessor de imprensa (isso fora a equipe de Comunicação ligada à Presidência da Câmara) para informar os eleitores sobre os passos do Legislativo?

Não bastam as sessões solenes, entrega de medalhas, diplomas, placas e outros eventos inúteis de puro marketing como subterfúgio para obterem notas e flashes nas colunas sociais? Precisam de mais vitrine?

Já está decidido, publicado e formalizado. Em 2019, os santistas arcarão com gastos de propaganda para uma Câmara que vive de aparências.

Aliás, é bom ressaltar que a atual presidência apenas deu prosseguimento aos trâmites da contratação da agência de publicidade. A decisão de abrir a licitação foi tomada pela Mesa Diretora do biênio anterior, presidida por Adilson Jr (PTB, 3º Mandato). O vereador está sendo acionado na Justiça por conta da criação de cargos comissionados. Ele também está sendo questionado pelo Tribunal de Contas por supostas irregularidades nas finanças do Legislativo. Ambos os fatos foram publicados pela imprensa local.

Vereadores de Santos, para quem eles trabalham?