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Dos três projetos que o ex-presidente da Câmara, Adilson Júnior (PTB, 3º Mandato) apresentou neste início de legislatura, nenhum tem utilidade prática para o santista. Todos são absolutamente dispensáveis.

Um deles, o PL 031/19, visa dar o nome do pai do prefeito de Santos, Paulo Gomes Barbosa, a uma escola a ser inaugurada no bairro do Jabaquara.

Os outros dois projetos de Adilson Júnior também cumprem missão de promover homenagens, só que aos vivos. São os projetos de decreto legislativo 05/2019 e 06/2019. Um deles concede a Medalha de Honra ao Mérito “Brás Cubas” para o advogado Osvaldo Sammarco. O terceiro trabalho oferece o título de Cidadão Santista ao comerciante José Costa dos Santos.

Ex-prefeito ou interventor?

Sobre o primeiro projeto, é bom esclarecer alguns fatos. Dizem que Barbosa também foi prefeito de Santos. Não é bem assim.

Diferente do que ocorreu com Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), o Barbosa pai não foi eleito. Ele foi nomeado interventor em Santos, na época em que os militares comandavam o país.

Naquele tempo, todas as cidades que tinham importância econômica e localização importante eram designadas como “área de segurança nacional”. Santos estava na lista por razões óbvias, já que abriga o maior porto da América Latina.

Para estas cidades, os governadores não permitiam eleições. Impunham interventores. Paulo Gomes Barbosa foi um deles, nomeado em 1979 por nada mais, nada menos que Paulo Maluf, então governador.

Na justificativa do projeto há uma detalhada descrição sobre como será a ótima estrutura prevista para a futura escola. O texto não faz menção do motivo da escolha do ex-interventor, mas cita que o prédio escolar será totalmente climatizado e com acesso por reconhecimento facial.

Uma maravilha! Falta dizer por que creches novas como a Luiz Alca de Sant’anna, que na propaganda do Governo seria totalmente climatizada, não conta sequer com ventiladores nas classes, repletas de crianças pequenas sofrendo com intenso calor. Isso para não falar das Unidades Municipais de Ensino mais antigas, onde os problemas estruturais são muito mais graves e antigos.

Vereador também quer nomear as ciclovias

Projetos para dar nome a ruas, praças e escolas é algo que estamos acostumados a ver nas câmaras municipais da região com mais destaque do que deveria.

Em Santos o vereador Adilson Júnior inovou nessa modalidade de propositura. Também é ideia dele batizar todas as ciclovias da Cidade.

Há um projeto de sua autoria, o PL 37/2018, na fila para ser pautado pela segunda vez. Da primeira vez, o projeto teve o apoio da maioria dos vereadores, mesmo com parecer contrário da antiga Diretoria Legislativa e da Comissão de Justiça, Redação e Legislação Participativa. Com o prosseguimento da tramitação, veio mais um parecer negativo, desta vez da Comissão de Obras, Habitação Social, Serviços Públicos e Transportes.

Pela proposta do vereador, todas as ciclovias terão de receber placas com os respectivos nomes para “orientação dos usuários”. Ora, esse argumento mostra o quanto a medida trará gastos inúteis, uma vez que os ciclistas sempre se orientaram perfeitamente usando como referência os nomes das avenidas onde estão inseridas as ciclovias.

Dificilmente as pessoas deixarão de dizer “vou pedalar na ciclovia da Ana Costa” para dizer “vou pedalar na ciclovia ‘Fulano de Tal’”.

Do mesmo modo, a ciclovia da orla será sempre ciclovia da orla, por mais impactante que seja o nome de personalidade que o traçado receba.

ciclovia

Que ruas, praças e demais logradouros onde se encontram residências, comércios, equipamentos públicos precisem ter nomes é algo óbvio. Ciclovias não necessitam ser identificadas. O projeto carece de sentido e apenas abre brecha para mais homenagens e frivolidades em nome da população, que por sinal anda bem cansada de tanta bobagem vindo de quem deveria dar exemplo.